quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Após 100 anos, Timão ainda luta para realizar sonhos: estádio e Libertadores Clube acumula maquetes e projetos que não deram certo, mas diretoria prom

O centésimo aniversário chegou, mas a torcida do Corinthians apagará as velas do bolo de aniversário ainda com dois grandes desejos em mente: a casa própria e o tão sonhado título da Libertadores. Enquanto a taça sul-americana só poderá vir em 2011, a diretoria do Timão promete para as próximas semanas o anúncio oficial do estádio alvinegro, deixando para trás uma série de fracassos em projetos que não saíram do papel.

maquete estádio corinthians 1981 bairro de Itaquera 200mil pessoasMaquete de estádio para 200 mil pessoas em Itaquera na déciada de 80 (Foto: Arquivo Agência Estado)

Como o próprio presidente Andrés Sanches já comentou, “maquetes não faltam no Parque São Jorge”. A intenção de construir um estádio começou na década de 60, impulsionadaq pela ambição do rival São Paulo em levantar o Morumbi. O Timão, porém, nunca conseguiu fazer com que as ideias se transformassem em realidade. Os motivos pelos erros foram os mais variados.

O primeiro projeto surgiu em 1968, na administração de Wadih Helu. O estádio, com um desenho futurista, teria 133.500 lugares e seria levantado no Parque São Jorge, criando mais opções de lazer para os associados. Para tocar a obra e arrecadar dinheiro, a direção criou um carnê, mas não deu certo. Poucos torcedores aderiram e o clube desistiu da construção depois que o presidente perdeu a eleição para Miguel Martinez.

Foi com o folclórico Vicente Matheus que o sonho reapareceu. A paixão do dirigente em determinados momentos atrapalhou. Em 75, o mandatário apareceu com um projeto para 120 mil pessoas, também no Parque São Jorge. Pouco tempo depois, em 80, o abandonou em nome de uma outra ideia, em Itaquera, para nada menos que 200 mil torcedores.

O desejo do dirigente era construir o maior estádio do planeta, superando o Maracanã. Mas vários problemas emperraram o início. A começar pelo local. O presidente sonhava com um terreno no bairro de Aricanduva. Entretanto, recebeu da prefeitura um espaço em Itaquera, onde atualmente está localizado o centro de treinamentos das categorias de base. Rico e popular, o dirigente fez pressão sobre o poder público, mas desistiu da nova casa em 1983 sob a alegação de que o governo municipal não urbanizou o local como prometeu.

Projeto Estádio CorinthiansProjeto do estádio em Guarulhos (Reprodução)

O estádio voltou a ser assunto na era Alberto Dualib. Em 1997, o presidente liderou um plano para 45 mil lugares, construído na Rodovias dos Bandeirantes ou Ayrton Senna. Na ocasião, o Timão contava com os milhões investidos pelo Banco Excel Econômico. Porém, novamente, não saiu do papel. A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário) vetou a obra por temer problemas no fluxo de veículos. Para piorar, o banco foi vendido a um grupo espanhol, que cancelou qualquer investimento no futebol.

Dualib seguiu apostando tudo em parcerias. Em 1999, já atuando em conjunto com o fundo americano Hicks Muse, o presidente fez o lançamento para uma obra na rodovia Raposo Tavares. O grupo, que também gastou horrores na contratação de reforços, chegou a comprar o terreno, mas acabou desistindo depois que o acordo foi rompido. Em 2002, o mesmo Dualib queria ampliar o Parque São Jorge para 30 mil lugares, passando a receber jogos outra vez. Ele contava com o empréstimo de R$ 10 milhões da Federação Paulista de Futebol, o que nunca aconteceu.

Depois de tantos fracassos, Andrés Sanches promete acabar com a angústia alvinegra. O presidente acredita que, em pouco tempo, conseguirá anunciar a construção do estádio. Até agora, a diretoria tem em mãos tem propostas: uma em Guarulhos, na região do Parque Ecológico do Tietê, e duas em Itaquera, onde está o CT.

Problemas políticos, contudo, podem atrapalhar novamente. Andrés quer a construção em Itaquera. Já o diretor de marketing Luiz Paulo Rosenberg era favorável ao arrendamento do Pacaembu, mas foi vencido e tem agora uma oferta para a Zona Leste (a outra é da Tessler Engenharia). Ambos lutam contra a obra em Guarulhos, encabeçada pelo conselheiro oposicionista Edgard Soares e financiada pelos bancos Bradesco e Banif. Enquanto isso, o clube espera inaugurar em até um mês o novo centro de treinamentos do Parque Ecológico do Tietê.

- O estádio está muito mais próximo do que o torcedor sonhava e todo mundo pensava. Temos três projetos. Até o dia 5, ou 10 de setembro, vai ser anunciado aquele que for mais barato e estiver dentro do padrão Fifa – disse Andrés.

Libertadores: o grande objeto de desejo
Enquanto o estádio pode pintar ainda em 2010, o corintiano terá de aguardar, pelo menos, até 2011 para voltar a sonhar com a conquista da Taça Libertadores. A meta de vencer o torneio no ano do centenário não foi cumprida, mas a Fiel anda esperançosa com a boa campanha no Campeonato Brasileiro e a provável vaga na próxima edição.

Taça Libertadores 03Imagem da taça de campeão da Libertadores, sonho corintiano (Foto: Richard Souza / Globoesporte.com)

O Corinthians apostou alto para sair da fila. No fim de 2009, a diretoria gastou cerca de R$ 36 milhões na contratação de reforços renomados, como o lateral-esquerdo Roberto Carlos, os meias Danilo e Tcheco e o atacante Iarley. Mas, dentro de campo, o desempenho não foi o esperado. O Timão acabou eliminado logo nas oitavas de final pelo Flamengo.

- A gente não tem que se envergonhar daquilo que fez. Tem que ficar triste, mas faz parte e o futebol é assim mesmo. O Corinthians é um grupo, fez um planejamento. Quando as coisas dão certo, merecemos os elogios, mas quando elas dão errado, merecemos críticas – disse na ocasião o técnico Mano Menezes.

Apesar de a torcida não ter protestado, como aconteceu no quebra-quebra do Pacaembu em 2006, contra o River Plate-ARG, a Libertadores continua sendo a grande obsessão dos alvinegros. O título é o único que falta na galeria do clube e ainda serve como motivo para provocações dos rivais São Paulo, Palmeiras e Santos.

Ronaldo Corinthians x Flamengo Libertadores 05/05Ronaldo e William sai de campo lamentando a eliminação na Libertadores (Foto: Reuters)

O Timão, porém, nunca levou sorte na competição. O melhor desempenho aconteceu em 2000, quando foi eliminado pelo Verdão. Além disso, caiu duas vezes nas quartas de final (96 e 99) e não passou da segunda fase em quatro oportunidades (91, 2003, 2006 e 2010). Em 77, na primeira participação, disse adeus na fase de classificação.

Para 2011, a diretoria aposta no planejamento. A intenção é mexer pouco no elenco, exceto em casos de propostas irrecusáveis do exterior, o que ainda não aconteceu. A incógnita é Ronaldo. O Fenômeno ainda não confirmou se continuará jogando na próxima temporada. A classificação para a Libertadores, porém, é a motivação que ele precisa para esticar a carreira por mais alguns meses.

O centenário do Corinthians só termina em setembro de 2011. Até lá, temos outra Libertadores – projetou o craque.

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